Efeito borboleta, o acaso que é a vida e sobre fazer as escolhas certas
“O bater de asas de uma simples borboleta pode causar um tornado do outro lado do mundo”
Essa é uma das frases mais clássicas e esclarecedoras para essa teoria que é tão simples de entender e, ao mesmo tempo, tão complexa de se imaginar na prática.
Conheci a teoria após assistir o filme “Efeito Borboleta” (2004) e, maravilhado com a complexidade que envolvem as nossas decisões, mesmo as mais simples, decidi ir mais a fundo na teoria.
Além das leituras, pesquisas e vídeos, assisti mais 2 filmes interessantes sobre o assunto: “Mr. Nobody” (2009) e “Looper” (2012) que independente de seus enredos ou propostas cinematográficas, trazem uma releitura desta teoria que é interessantíssima.
Voltando do trabalho você faz dezenas de micro decisões que aparentemente são inofensivas, mas que tem um real impacto no seu futuro próximo e distante. Virar à esquerda ou a direita? Passar no supermercado ou optar pelo delivery no conforto de casa? Acelerar um pouco mais para evitar o sinal vermelho ou manter a velocidade e ficar preso no semáforo?
Cada uma dessas decisões podem mudar drasticamente sua vida, basta refletir um pouco sobre o que pode acontecer a cada decisão tomada e verás que muita coisa está fora do nosso alcance.
Tudo fica ainda mais inquietante quando paramos para pensar que não basta a complexidade da nossa própria rede de acontecimentos, já que é perfeitamente possível que decisões de outras pessoas acabem interferindo nas nossas vidas.
Seja sua namorada que quer trocar a balada por um restaurante ou algo bem mais distante disso, como um jovem atrasado para um compromisso que ao infringir os limites de velocidade, acaba batendo na sua traseira quando você optou por baixar a velocidade e ficar preso no semáforo ao invés de acelerar e passar antes do vermelho.
Multiplique os poucos exemplos que citei pelo infinito acaso que é a vida e pronto, terás ideia da dimensão e da complexidade que é o tal efeito borboleta.
Algumas produtoras de jogos para video games perceberam o quanto é interessante essa questão e passaram a produzir alguns títulos em que o jogador é obrigado a tomar decisões a todo momento. Sejam decisões simples, como os diálogos de uma conversa, até decisões mais difíceis que colocam em risco os personagens envolvidos.
Recentemente alguns destes fizeram muito sucesso, como “ The Walking Dead Telltale Games”, “Life is Strange”, “Until Dawn” e o mais recente “Detroid Become Human”. Todos foram capazes de prender o jogador e fazer com que cada decisão tomada fosse motivo de atenção provocando reações emocionais complexas e envolvimento com os personagens.
A imagem acima se trata do jogo “ Detroid Become Human” que vem fazendo um sucesso imenso pela complexidade da rede de acontecimentos e o quanto cada decisão é capaz de influenciar no desfecho da história.
Nesta imagem estão listados todas as opções que poderiam ser escolhidas pelo jogador e estão marcados em azul apenas as que efetivamente aconteceram.
Por que será que este tipo de jogo, quando é capaz de tornar as decisões importantes o suficiente no desfecho da história, atraem tanta gente?
Talvez seja pela adrenalina de tomar decisões rápidas que realmente importem para a história, talvez possa ser pela satisfação pessoal de ver o quanto você é capaz de salvar seus personagens favoritos ou pode ser simplesmente o fato de poder tomar decisões e lidar com suas consequências sem arriscar a própria vida.
Invariavelmente algumas decisões tomadas nos jogos são pensadas para garantir o sucesso do personagem. Na vida real, com muito mais emoções envolvidas, muito mais pessoas à sua volta e o medo das consequências afetam uma decisão importante de maneira muito mais intensa.
Quando somos obrigados a tomar uma decisão, não se trata apenas do que irá acontecer daí em diante. Todo o nosso passado terá impacto nesta decisão e definirá o caminho de acordo com o que conhecemos e o que acreditamos.
Em Life is Strange o enredo é preparado para que o jogador se envolva com todos os personagens, crie laços, se divirta, chore, tenha emoções exatamente como na vida real.
O apelo emocional é tão grande que os inúmeros diálogos e decisões são resumidos a uma única escolha ao fim do jogo, tornando uma simples decisão racional muito mais profunda e complicada.
Muitos reclamaram que o desfecho do jogo tenha sido resumido a apenas 2 finais tão discrepantes e difíceis de engolir.
Já eu acredito que o desfecho foi competente com toda a narrativa e a frustração com os dois finais apresentados servem como uma paródia da vida real.
Muitas vezes não importa o quanto meçamos nossas decisões, o final não será positivo. Mas teremos que enfrentar. E teremos que aceitar. Não existe a decisão correta, existe a sua decisão e você terá de viver com as consequências.
No fim vida acaba sendo um jogo de escolhas em que somos desafiados a todo o tempo e cada um tem a sua maneira de jogar.
O importante é que todos nós possamos viver em paz com nossas decisões e suas consequências.
Afinal de contas, lidar com as consequências é mais importante do que remoer decisões.
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